Caros pais,
Vocês têm brincado com seus filhos? Sabem a importância do brincar para eles?
Muitos não sabem, mas o ato de brincar está ligado diretamente ao desenvolvimento da criança e não só à diversão. Ao brincar, a criança desenvolve habilidades motoras, cognitivas (criatividade, memória, concentração e imitação) e cria vínculos com outras crianças, reconhecendo, assim, a presença do outro, do diferente.
O brincar proporciona vivência entre os mundos real e imaginário à criança. É aquele famoso “mundinho” em que a criança vive, cria suas fantasias e desperta interesses.
Por que discutir o brincar, se parece ser algo tão normal?
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o brincar é um direito da criança e dever da sociedade que a cerca. Hoje, tal direito está seriamente ameaçado devido às opções feitas por nós como sociedade. Brincar na rua é “perigoso”, dizem os pais. O espaço do brincar é podado pela sociedade violenta, desumana e egoísta. Pais e mães chegam cansados demais para participar do brincar, mas o filho quer que ele ou ela participe. Jogos eletrônicos, computadores, TVs e celulares tornam-se, às vezes, distrações perigosas para a criança passar o tempo.
Vivenciar a infância é primordial, e o brincar é característico dela. Por meio das brincadeiras, as crianças expressam sentimentos, desenvolvem as faculdades do falar, do pensar e ampliam sua visão de mundo. Sendo assim, precisamos reinserir o brincar na vida das crianças, e isso é uma obrigação da família que, consequentemente, passará o impacto dessa mudança positiva às escolas.
É fundamental que os pais, a princípio, garantam um ambiente para o brincar de qualidade e inclusivo, agregado ao círculo social da criança: familiares, vizinhos, professoras, babás, amigos da escola, etc.
Não só isso: os pais devem brincar com seus filhos para que haja trocas culturais, sociais e intergeracionais! Esse patrimônio está ameaçado e já observamos sinais dessa riqueza sendo esquecida, como exemplo, quando os pais deixam de brincar com seus filhos para atender a uma necessidade da vida adulta.
Tudo tem sua hora, inclusive o brincar
Deixe a criança tomar a frente e propor brincadeiras, regras, momentos lúdicos… Não conduza a brincadeira, mas se deixe ser conduzido por ela. O adulto, seja educador, professor ou pai, tem que fazer o papel de intermediário e participante; permita-se agir, pensar e até mesmo falar como criança.
Entre na dança – ou melhor, na brincadeira. Todos saem ganhando. Ao brincar, as crianças:
- Exprimem sua agressividade (algo natural do ser humano);
- Controlam seus medos e angústias;
- Expressam seus desejos e experiências;
- Aprendem que errar é permitido e que se pode tentar novamente;
- Promovem a criatividade e trabalham sua personalidade;
- Desenvolvem de forma saudável sua sexualidade.
Há brinquedos e brinquedos
Vivemos em uma sociedade altamente consumista e descartável. É a boneca de hoje que todos querem, mas amanhã, já nem será lembrada… É o carrinho maravilhoso que muitos pais lutam para comprar e, assim que obtido, torna-se obsoleto.
O brinquedo apropriado, que se adeque à idade e auxilie no desenvolvimento, ajuda a criança na percepção, inteligência e compreensão de fatos ao seu redor. Sempre em voga, mas muitas vezes esquecidos, se encontram os brinquedos pedagógicos. Muitos optam por presentear a criança com brinquedos pedagógicos, que auxiliam no desenvolvimento.
Para a criança, qualquer coisa vira brinquedo: uma simples caixa, um lençol, pedras, flores, sapatos do pai e da mãe, etc. A criança cria utilidades lúdicas para esses objetos e acabam reproduzindo e inventando um novo mundo.
Cada criança depreende um brinquedo de forma diferente da outra: pode ser algo para distrair, ajudar a chamar atenção, algo para demonstrar carência afetiva e emocional, etc.
O que dizem os especialistas?
- Friedmann et al. (1992) dizem que os brinquedos são importantes, pois estabelecem tanto forma de distração como de aprendizado. A criança deve brincar o quanto puder até entrar na escola. Após isso, deve-se estipular horários para uso dos brinquedos com outras atividades da rotina da criança;
- Piaget (1974) fala que os jogos não são somente para lazer e gastar energia das crianças, mas sim formas que auxiliam no enriquecimento e no desenvolvimento intelectual delas;
- Kishimoto (1996) expõe que a teoria piagetiana adota a brincadeira como conduta livre e espontânea, que a criança expressa por sua vontade e pelo prazer que lhe dá;
- Vygotsky (1984) fala que os elementos-base da brincadeira são imitação, regras e imaginação. Ao brincar, a criança cria um cenário imaginário, assumindo um papel, podendo ser o ato de imitar um adulto de seu círculo social. Depois, a criança se afasta de tal imitação e passar à junção do que é antigo e imitado com o novo, que é criado.
E então, o que você pensa a respeito desse assunto? Deixe o seu comentário!
Boa tarde, gostei muito do texto. A linguagem é simples e o conteúdo de qualidade. Como psicopedagoga, entendo a importância do brincar tanto na infância como na vida adulta. Gosto de citar uma frase que sintetiza isso: “É brincando e somente brincando que o indivíduo, criança ou adulto, é capaz de ser criativo e usar completamente sua personalidade.” Winnicott