Há quase 20 anos você trabalha em escolas e assumiu o posto de coordenadora pedagógica há mais de cinco. Nem sabe mais quantos professores e quantos alunos acompanhou nessa profissão – que, por sinal, adora. Está sempre procurando se informar sobre novas técnicas de aprendizagem e tem particular apreço pelas brincadeiras e jogos aplicados na educação, em especial para os alunos da escola infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental.
Considera que a utilização dessas ferramentas lúdicas, além de propiciar a aprendizagem, torna a vida das crianças mais prazerosa.
Você consegue manter uma proximidade com os professores e cada um deles tem liberdade para trazer a você as principais preocupações, bem como compartilhar as alegrias das experiências bem-sucedidas na sala de aula. No entanto, fica incomodada quando algum professor informa que determinada criança tem déficit de aprendizagem. Transtorno de aprendizagem, para você, é uma coisa séria. O tipo mais comum é a dislexia, uma dificuldade específica da leitura e da escrita que se manifesta inicialmente na fase de alfabetização.
Para se diagnosticar uma criança com déficit de aprendizagem ou dislexia, é preciso uma avaliação multidisciplinar, que englobe o ponto de vista do professor, mas também de uma equipe de profissionais de outras especialidades: psicólogo (ou neuropsicólogo), fonoaudiólogo e psicopedagogo, além de um médico neuropediatra. Dessa forma, a primeira pergunta que você se faz diante da questão colocada pelo professor é: esse déficit de aprendizagem na escola é um sintoma ou uma reação?
Você está certa. Antes de rotular a criança, é preciso refletir sobre o papel da escola na sua motivação. Como têm sido as aulas desse professor? Elas estimulam a maioria das crianças com os recursos pedagógicos disponíveis na escola? Essa criança, particularmente, pode estar trazendo para a sala de aula problemas que está vivenciando em casa?
Esse primeiro cenário, que compreende a escola e a família, precisa ser avaliado com muita atenção, pois a criança pode estar enfadada com as aulas ou, então, confusa com alguma situação em casa. Sua reação está sendo, simplesmente, a de se recusar a participar do processo de aprendizagem.
Lógico que você acompanhará de perto a evolução do quadro, após ter transmitido sua primeira impressão ao professor de forma transparente. Se a situação evoluir para um diagnóstico positivo, a posição da escola terá sido a mais correta: a de “começar pelo começo”, ou seja, de investigar primeiro as causas mais próximas que poderiam estar gerando a dificuldade de aprendizagem da criança.
Dicas para a sala de aula
No mais, o déficit de aprendizagem na escola não será nenhum motivo para discriminação da criança, pelo contrário. A perspectiva brasileira para a educação é a da escola inclusiva, na qual todos os alunos possam participar, independentemente de suas dificuldades. Essa orientação está determinada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96).
Com relação à criança que, de fato, seja diagnosticada com o déficit de aprendizagem/dislexia, reunimos algumas dicas passadas pelo Instituto ABCD, que atua na área de déficits de aprendizagem na escola e que você pode repassar para o professor empregar na sala de aula:
- Evitar a exposição da criança em atividades de leitura em voz alta;
- Disponibilizar um tempo adicional para a execução de provas escritas, que pode ser 25% a mais;
- Se necessário, ao invés de respostas por escrito, deixá-lo responder as questões verbalmente;
- Valorizar o conteúdo das respostas, independentemente da capacitação na leitura e na escrita;
- Não descontar pontos nas provas pelos erros de ortografia;
- Explorar novos meios de compreensão do texto, utilizando gravuras, por exemplo;
- Manter um sistema específico de avaliação da evolução da criança, para que possa ser repassado aos pais ou responsáveis.
E você, como coordenadora pedagógica, tem alguma outra dica para compartilhar? Não hesite e deixe seu comentário. E, melhor ainda, compartilhe o post completo!